Os efeitos saudáveis que o exercício pode ocasionar na pressão arterial.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada pela manutenção de níveis pressóricos acima dos valores de 139mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e acima dos valores de 89mmHg para a pressão arterial diástólica (PAD).A pressão arterial (PA) é, geralmente, estabelecida como o produto do débito cardíaco pela resistência vascular periférica total, sendo influenciada pela força exercida do sangue contra as paredes das artérias, assim como pela resistência oferecida pelas mesmas ao fluxo sanguíneo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pressão arterial é considerada ótima (< 120/80), normal (120-129/ 80-84), elevada (130-139/ 85-89); e hipertensão estágio um (140-159/ 90-99), estágio dois (160-179/ 100-109) e estágio três (> 180/110). Tanto sua fisiopatologia quanto seus sintomas ainda não são muito bem definidos e na maioria das vezes ela é assintomática. Geralmente ela decorre de fatores genéticos, da dieta com alta ingestão de sódio, da obesidade, do estresse, do sedentarismo ou combinação destes fatores. Alguns dos seus sintomas mais comuns são dores de cabeça, tonturas e náuseas.
Considerada um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, devido tanto à sua elevada incidência e prevalência quanto aos graves problemas decorrentes da mesma. Além de contribuir fortemente para ocorrência de doenças cardiovasculares, a manutenção elevada dos níveis pressóricos por um longo prazo pode ter grave efeito deletério em órgãos-alvo como rins, cérebro, olhos e outros.
No Brasil os dados evidenciam que entre 22% e 44% da população urbana adulta possui HAS, isto representa um alto custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho.
Diante dessa realidade e magnitude do problema, fica clara a necessidade de diferentes tipos de intervenção com o intuito de se prevenir e tratar, assim como ampliar e aperfeiçoar os métodos para diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Seu tratamento envolve tanto a abordagem medicamentosa como também uma série de medidas complementares (não medicamentosas), sendo uma delas a prática de atividade física monitorada.
Segundo consensos internacionais o exercício físico regular reduz a pressão arterial, além de produzir benefícios adicionais, tais como a diminuição do peso corporal e atuar como coadjuvante no tratamento das dislipidemias, da resistência à insulina, do abandono do tabagismo e do controle do estresse. Contribui, ainda, para a redução do risco de indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão.
Os programas de exercício físico que incluem exercícios aeróbios (cardiorrespiratórios) e resistidos ( sob orentação de um profissional ), não têm somente um papel na prevenção primária da HAS, mas também na diminuição aguda da pressão arterial.
Exercícios físicos, tais como caminhada, ciclismo, natação e corrida, realizados numa intensidade entre 50% e 70% da freqüência cardíaca, ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio, com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por semana, reduzem a pressão arterial de indivíduos hipertensos. Em contrapartida, exercícios físicos muito intensos, realizados acima de 80% da freqüência cardíaca, ou 80% acima do consumo máximo de oxigênio, têm pouco efeito sobre a pressão arterial de hipertensos.
Não é incomum se verificar uma queda de 5 a 7mmHg após uma sessão de exercício realizada por indivíduo com HAS. Se atribui a isso um fenômeno chamado hipotensão pós-exercício. Mecanismos fisiológicos naturais proporcionam uma vasodilatação da musculatura no momento em que ela é mais requisitada, ou seja, o volume do sistema circulatório aumenta e a pressão cai.
Com relação aos efeitos crônicos, há uma série de mecanismos que tentam justificar o efeito saudável do exercício sobre o controle da pressão arterial, dentre estes destacamos: adaptações neurais (redução da atividade simpática), redução do sistema renina-angiotensina (regulador renal da vasoconstrição e retenção de sódio), aumento da produção de óxido nítrico (vasodilatador) e até mesmo remodelamento e aumento da secção transversal de vasos.
Antes de iniciar um programa de atividade física o indivíduo hipertenso deve procurar um médico especialista e este deverá indicar um profissional da educação física para orientá-lo na prática de atividades físicas de acordo com sua patologia.
"A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de nossos pensamentos". (Mahatma Gandhi)