domingo, 20 de março de 2011

HIPERTENSÃO E EXERCÍCIO FÍSICO

Os efeitos saudáveis que o exercício pode ocasionar na pressão arterial.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada pela manutenção de níveis pressóricos acima dos valores de 139mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e acima dos valores de 89mmHg para a pressão arterial diástólica (PAD).

A pressão arterial (PA) é, geralmente, estabelecida como o produto do débito cardíaco pela resistência vascular periférica total, sendo influenciada pela força exercida do sangue contra as paredes das artérias, assim como pela resistência oferecida pelas mesmas ao fluxo sanguíneo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a pressão arterial é considerada ótima (< 120/80), normal (120-129/ 80-84), elevada (130-139/ 85-89); e hipertensão estágio um (140-159/ 90-99), estágio dois (160-179/ 100-109) e estágio três (> 180/110). Tanto sua fisiopatologia quanto seus sintomas ainda não são muito bem definidos e na maioria das vezes ela é assintomática. Geralmente ela decorre de fatores genéticos, da dieta com alta ingestão de sódio, da obesidade, do estresse, do sedentarismo ou combinação destes fatores. Alguns dos seus sintomas mais comuns são dores de cabeça, tonturas e náuseas.

Considerada um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, devido tanto à sua elevada incidência e prevalência quanto aos graves problemas decorrentes da mesma. Além de contribuir fortemente para ocorrência de doenças cardiovasculares, a manutenção elevada dos níveis pressóricos por um longo prazo pode ter grave efeito deletério em órgãos-alvo como rins, cérebro, olhos e outros. 

No Brasil os dados evidenciam que entre 22% e 44% da população urbana adulta possui HAS, isto representa um alto custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho.

Diante dessa realidade e magnitude do problema, fica clara a necessidade de diferentes tipos de intervenção com o intuito de se prevenir e tratar, assim como ampliar e aperfeiçoar os métodos para diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Seu tratamento envolve tanto a abordagem medicamentosa como também uma série de medidas complementares (não medicamentosas), sendo uma delas a prática de atividade física monitorada.

Segundo consensos internacionais o exercício físico regular reduz a pressão arterial, além de produzir benefícios adicionais, tais como a diminuição do peso corporal e atuar como coadjuvante no tratamento das dislipidemias, da resistência à insulina, do abandono do tabagismo e do controle do estresse. Contribui, ainda, para a redução do risco de indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão.

Os programas de exercício físico que incluem exercícios aeróbios (cardiorrespiratórios) e resistidos ( sob orentação de um profissional ), não têm somente um papel na prevenção primária da HAS, mas também na diminuição aguda da pressão arterial.
Exercícios físicos, tais como caminhada, ciclismo, natação e corrida, realizados numa intensidade entre 50% e 70% da freqüência cardíaca, ou entre 50% e 70% do consumo máximo de oxigênio, com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por semana, reduzem a pressão arterial de indivíduos hipertensos. Em contrapartida, exercícios físicos muito intensos, realizados acima de 80% da freqüência cardíaca, ou 80% acima do consumo máximo de oxigênio, têm pouco efeito sobre a pressão arterial de hipertensos.

Não é incomum se verificar uma queda de 5 a 7mmHg após uma sessão de exercício realizada por indivíduo com HAS. Se atribui a isso um fenômeno chamado hipotensão pós-exercício. Mecanismos fisiológicos naturais proporcionam uma vasodilatação da musculatura no momento em que ela é mais requisitada, ou seja, o volume do sistema circulatório aumenta e a pressão cai.

Com relação aos efeitos crônicos, há uma série de mecanismos que tentam justificar o efeito saudável do exercício sobre o controle da pressão arterial, dentre estes destacamos: adaptações neurais (redução da atividade simpática), redução do sistema renina-angiotensina (regulador renal da vasoconstrição e retenção de sódio), aumento da produção de óxido nítrico (vasodilatador) e até mesmo remodelamento e aumento da secção transversal de vasos.

Antes de iniciar um programa de atividade física o indivíduo hipertenso deve procurar um médico especialista e este deverá indicar um profissional da educação física para orientá-lo na prática de atividades físicas de acordo com sua patologia.

"A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de nossos pensamentos". (Mahatma Gandhi)

domingo, 13 de março de 2011

PLATAFORMA VIBRATÓRIA

Postado por Paulo Amaral em 22 janeiro 2011 às 19:30
 
Segundo algumas versões, o treinamento com estímulos vibratórios foi explorado de forma mais consistente pelos russos, que usaram este tipo de estímulo com a finalidade de minimizar os efeitos deletérios que a ausência de gravidade produz nos ossos e músculos dos astronautas. Apesar desse destaque relativamente recente, o uso de vibrações aparece em relatos da Grécia antiga, quando se usava a vibração produzida por estruturas metálicas para estimular partes específicas do corpo.

Mais adiante, em torno dos anos 1880, o criador do Corn Flakes, John Harvey Kellog, usava cadeiras, plataformas e barras vibratórias como parte do seu programa de bem-estar. Em tempos mais recentes, as plataformas vibratórias tornaram-se populares, com a proposta de promover ganhos de força e massa muscular, e chegaram a virar uma febre em alguns lugares do Mundo.

Há dois métodos de se realizar o treinamento vibratório:
1) vibração por segmentos, na qual apenas parte do corpo é exposta às vibrações; e
 2) vibração de corpo inteiro, na qual o indivíduo se posiciona sobre uma plataforma vibratória, podendo ficar parado ou realizar algum tipo de exercício, e todo o corpo é submetido ao estímulo (Wilcock et al., 2009).

Nesse texto, trataremos especialmente do segundo caso. Mas, antes de tratar o tema, é necessário saber como as vibrações atuam. As vibrações produzidas pela plataforma, com mudanças de velocidade e direção, expõem o corpo a uma aceleração constante, que pode ser determinada pela seguinte fórmula (Wilcock et al.,2009):

α = d(2Πf)²
2g√2

Onde d = deslocamento promovido pela vibração (em metros), f = freqüência de vibrações (em Hz) e g = gravidade.

Desta forma, pegando emprestado o exemplo de Wilcock et al. (2009) uma pessoa sobre uma plataforma vibrando a uma freqüência de 30Hz e com deslocamento de 6mm estaria submetida a 7,7 vezes a força da gravidade, ou seja, as vibrações fariam com que o corpo dessa pessoa pesasse quase 8 vezes a mais que o normal, obrigando seus músculos a se contraírem com mais força. No entanto, o autor pede cautela em alguns pontos, para que não se superestime o pontencial das plataformas vibratórias. Um primeiro ponto é que em plataformas com pivô central, quanto mais perto do centro, menor será o deslocamento, portanto, menor a aceleração resultante. Adicionalmente, deve-se ter em mente que a vibração atravessa o corpo e vai perdendo força, do contrário seria praticamente impossível fazer sequer um agachamento. Outro aspecto é que normalmente a freqüência de vibração da plataforma não é mantida nos padrões pré-determinados, a diferença entre a freqüência real e a descrita no aparelho dependerá do peso do praticante (especialmente se estiver usando sobrecarga).

Uma redução da ordem de 15-20% na freqüência, por exemplo, levará à perda de cerca de um terço da aceleração.

O aumento da força da gravidade, aliado à instabilidade, levam o sistema nervoso central a recrutar mais fibras musculares, o que aumenta a quantidade de músculo envolvido no exercício (Bosco et al., 1999; Cardinale & Lim, 2003; Roelants et al., 2006). Dessa forma, existe a suposição de que, por recrutar mais unidades motoras, o treinamento em plataformas vibratórias possa favorecer os ganhos de massa muscular, no entanto, não foi possível encontrar nenhum estudo verificando isso na prática. Além disso, a questão de recrutamento é delicada, pois os estudos que encontraram maior recrutamento de unidades motoras com a plataforma vibratória usaram carga constante (Bosco et al., 1999; Cardinale & Lim, 2003; Roelants et al., 2006), ou seja, a mesma carga foi usada para o exercício realizado com ou sem as vibrações. Nesse caso, parece óbvio que o exercício na plataforma promoverá maior recrutamento de fibras musculares do que o exercício no solo, pois o esforço relativo será maior. Mas o que poderia ser questionado é se haveria diferença no recrutamento para o mesmo esforço relativo, por exemplo, será que haveria diferença em realizar 6 repetições máximas de agachamento dentro e fora da plataforma (lembrando que nesse caso a carga seria maior para o exercício fora da plataforma)?

Com relação aos ganhos de força, há a sugestão que as vibrações possam alterar a atividade eletromiográfica em longo prazo, no entanto, os estudos apontam que essas alterações só acontecem enquanto os estímulos estão sendo aplicados, sem ter nenhum efeito crônico (Colson et al., 2009; Nordlund & Thorstensson, 2007; Wilcock et al., 2009). Diversos estudos apontam que o treinamento com estímulos vibratórios promovem ganhos de força e potência, especialmente em pessoas não treinadas (Nordlund & Thorstensson, 2007; Rehn et al., 2007; Wilcock et al., 2009). No entanto, não se pode afirmar que este tipo de treino ofereça uma vantagem sobre o treino tradicional, pois a maior parte dos estudos mostra que não há diferenças nos ganhos de força entre os treinos realizados com ou sem o uso da plataforma vibratória (Ahlborg et al., 2006; Delecluse et al., 2003; Delecluse et al., 2005; Nordlund & Thorstensson, 2007; Ronnestad et al., 2004).

Deve-se ter em mente que nem todo tipo de vibração tem o mesmo efeito. É importante avaliar o sentido a vibração, bem como sua freqüência e intensidade. Com relação especialmente ao sentido da vibração, há possibilidade do movimento ser realizado nos três eixos, no entanto, só é recomendável o uso da vibração no sentido vertical. Sobre os aspectos práticos da prescrição do treinamento, a freqüência sugerida estaria entre 5-65 Hz (Nigg and Wakeling, 2000), sendo que a maior parte das evidências aponta para 30Hz como sendo a recomendada para ganhos de força (Wilcock et al., 2009). A amplitude normalmente encontrada varia de 6 a 12mm e o tempo de exposição seria apenas o tempo de duração do exercício. O tempo de exposição é um aspecto importante em termos de segurança, pois as vibrações têm a finalidade de aumentar a atividade em músculos e exercícios específicos, portanto, o praticante só deverá ficar exposto à vibração durante o tempo e momento necessários. Aqui cabe ressaltar que a exposição exagerada à vibração pode ter efeitos deletérios no organismo, conforme sugerido em estudos com trabalhadores submetidos à vibração em suas atividades laborais (Bovenzi et al., 2005; Seidel et al.,1986). Além dessas questões metodológicas, quem deseja iniciar um programa de exercícios envolvendo estímulos vibratórios deve ter cautela especial na escolha do equipamento e vale ressaltar que um grave problema com relação aos equipamentos é o controle de qualidade, pois não há um sistema reconhecido para validá-los.

Concluindo, o treinamento em plataformas vibratórias parece produzir efeitos positivos no sistema neuromuscular, mas aparentemente os resultados não são superiores aos produzidos pelo treinamento tradicional. Dessa forma, este tipo de treinamento deve ser visto como uma variação e não como uma solução definitiva nem como uma substituição ao treinamento tradicional. Nesse sentido, uma característica interessante do treinamento vibratório é que ele usa cargas relativamente baixas em comparação com o treino convencional. Portanto, ele pode ser usado como em situações durantes as quais se deseja produzir um estímulo neuromuscular elevado sem sobrecarregar as estruturas ósseas e articulares, como nos períodos de reabilitação ou lesões.

Mas mesmo nesse caso a questão deve ser analisada por cautela, pois a aceleração produzida também poderá gerar uma sobrecarga adicional nessas estruturas, o que deve ser levado em conta. Por fim, como qualquer sistema de treinamento, é importante que o treinamento em plataformas vibratórias tenha suas variáveis adequadamente controladas, seja prescrito por um profissional competente e realizado em equipamentos adequados, para garantir os resultados e preservar a saúde dos praticantes.

FONTE: Prof. Paulo Gentil via Portal GEASE

GLOBO REPORTER - MARÇO 2011

O Brasil dos anos 70 era um país bem diferente, mas nós crescemos, nos modernizamos e engordamos. Quem imaginaria que, nestes 40 anos, um em cada dois brasileiros sofreria com o excesso de peso? A estatística inédita do Ministério da Saúde revela dados alarmantes. A cada ano, cresce em 1,5% o número de brasileiros acima do peso. E nesse panorama, os homens aparecem em maior número do que as mulheres. Tem mais homens fora de forma do que mulheres.

Desde 2006, o índice de brasileiros gordos ou obesos é maior do que o índice das brasileiras. A pesquisa, realizada em 27 capitais, registra que hoje 52,1% da população masculina e 44,3% da feminina estão com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima da média. Esse índice calcula o peso ideal de uma pessoa a partir da altura, idade e peso. Será que esse Brasil gordo vai conseguir diminuir os excessos e entrar em forma?

Veja a reportagem completa acessando o link:

http://g1.globo.com/globo-reporter/